quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Epopéia familiar

Abaixo a epopéia, para quem tem pelo menos 15 min para se apaixonar por esta saga.


Sou filho de Alberto Magno Lazarte Davini

Não estranhem, ele descende do ilustre Carlos Magno, o grande soberano das terras médias na idade das trevas. Há uma lenda no sul da Galícia, que Carlos era um varão, desde os 13 anos deixava uma filha em cada cidade que passava. Não demorou muito para se tornar imperador e consequentemente o primeiro ditador nepotista do Mundo, todas suas filhas cresceram sem pai e casaram logo e, assim, Carlos Magno teve que ceder parte das terras e do poder conquistado para cada um de seus genros. Isso durou até Carlos atingir os 30 anos quando sua face sombria tomou as rédeas de sua consciência e ele mandou matar todos os genros, bem, quase todos.

O único loquaz sobrevivente foi o catalão Alfredo Malazarte, avô de Pedro Malazarte - conhecido da literatura infanto-juvenil pelas suas peripécias e incrível poder de fuga. Pedro também herdou as peripécias procriadoras de seu avô merovíngio e proliferou como a peste negra pela Europa, sempre vivaz, sempre malaco.

Até a chegada do governo franquista, os Malazarte já estavam tão dispersos pelo mundo como os judeus, as baratas e as barraquetas de hot dog, foi aí que dona Dolores, minha tetra avó analfabeta e gaga nomeou apenas Lazarte ao escrivão do cartório. Seu filho, o pequeno Abelardo, seria um combatente tenaz da ditadura espanhola, amigo de Picasso, Amigo de Fredereich, amigo de muita gente, por isso fugiu às 6h da manhã de um domingo para a Argentina, a terra platina que tanto prometia aos perseguidos pelo impetuoso ditador.

Lá chegando cambiou seu nome para Luis e casou-se com Alice, a primeira mulher que lhe ofereceu um prato de comida sem chorizzo e alfajor de sobremesa. Cansados de ouvirem tango, o promissor casal resolveu fugir para o Brasil após uma carta-cojnvite de Friedereich e Havelanche, uma dupla assaz boleira - esporte que ainda engatinhava na Terra de Santa Cruz. Chegando as nossas terras fundaram o Esporte Clube Bosque Paulista, no bairro do Bom Retiro, que virou Clube dos Navegantes da Vila Zatti, e mais adiante Associação Esportiva Gondoleiros do Brás e desaguou no extinto Pequeninos do Taboão da Serra.

Não bastou o insucesso nos negócios e o primeiro filho do casal, Davino, morreu de um ataque fulminante assuntando a família, pois acontecera no mesmo mês da derrocada financeira do clã, da desilusão brasileira frente a final da copa contra o Uruguai, uma noite após Luiz Lazarte (o patriarca) quebrar três dedos do pé esquerdo topando na cama, ao sair do chuveiro. Para sair da zica, batizaram o próximo filho de Alberto Magno Lazarte Davini, em homenagem ao herdeiro póstumo. Esse é o lado paterno da minha epopéia familiar.

Se você ainda está acompanhando essa novela - que poderia ser também a versão brasileira d'Os Lusíadas - não pode deixar de acompanhar os momentos finais da minha história: o Lado Santoliquido.

Prejudicados pela fome e pelo frio que dominava Roma, os Santoliquidi não iam ao coliseu comer pão, pois tinham medo de lugares com multidões. A história relata que um tal de Manolus Santolquidi como o fundador da estirpe que não comia queijo, não usava as famosas sandálias Sicilianas e nem gostava de gladiadores. Desertores, segundo classificação de Pompéu (sec. IV A.C.), os Santoliquidi foram a Constantinopla vender uvas passa para os turcos ligadões no kebab. O negocio fracassou em duas semanas e Manolus passou a viver de cozinheiro em uma cantina.

Com a divisão em bizantinos e romanos, Manolus II, o pizzaiolo da mesma cantina onde seu pai fez história ao servir uma pizza de aliche sem queijo e com azeitonas pretas (uma heresia na época), foi convocado para unir-se a Gengis Kahn no domínio de Sparta (a terra dos 300). Aceito o convite, Manolus II torceu o joelho ao se deparar com Gerald Buttler e foi poupado por fazer uma bruschetta que deu o que falar ali naquela ilha varonil.

Agora na Grécia, os Santolquidi conheceram uma figura importantíssima para a formação do ente familiar que agora escreve estas linhas - no caso eu; no caso da persona, Helena, a musa de Manoel Carlos, o meu muso - daí a elipse. A partir do dia em que Manolus VIII conheceu Helena em uma Balada em Creta, ele se refugiou na escrita romântica e mudou-se para a região da Bratskvia, atual Finlândia, então sob domínio dos esquimós e yets. Sofrerá muito pelo fato de Helena ter sido raptada, seu amor fora apenas platônico.

Na Finlândia, minha parte errante da família perdurou até a invasão austro-húngaro, em medos do século XIX, quando Bismarck resolveu aniquilar todos os afáveis finlandeses por que eles não sabiam fazer sorvete de pistaches, seu pecado era a gula e o agente os pistaches. Desta forma Manolus XXX voltou para a Itália, para a região da Calábria por ouvir falar que lá as pessoas eram felizes e alegres, todos tinham direito a 10 m de extensão de praia e mais 2 acres de terras férteis e esposas fartas.

Daí para a fábrica de sapatos mocassin foi um pulo. As gerações de Manolus foram extintas quando o 34º filho não procriou nenhum homem, pois se casara com uma italiana do norte, a eterna praga dos sulistas, uma zica. Assim sugiram os nomes galantes como Giuseppe e Berdizzo, irmãos que morreram juntos em um rodeio, em 1900, e serviram de inspiração para os folhetins brasileiros. Com a guerra, Vicente Santoliquidi, serviu a Mussolini após ter sido recusado por Hitler, Churchill e Zskivarentrons (ditador da Finlândia recém independente do império Austro-Húngaro, após a queda de Bismarck). Vicente tinha uma mão menor do que a outra; todos nós (santoliquidis) também a temos - herança da fábrica de sapatos mocassins. Na época, ter uma mão menor do que a outra impossibilitava o manuseio de fuzis cabendo ao jovem Vicente cuidar do telefone de front. Após receber um trote, foi baleado na cabeça e por pouco não morreu.

Meu avô foi removido dos campos de batalha e mandado para Buenos Aires. No caminho, o navio fez uma pausa no porto de Santos para abastecer e Vicente, muito apertado, não prestou atenção nas informações do comandante que estabelecia 12 horas de parada. Vicente nunca mais voltaria ao navio e se estabeleceu em São Paulo por ouvir falar que ainda havia ouro depois da serra. Conheceu Chateubriant, pois era seu engraxate e apaixounou-se pela sua confeiteira, Carmelita. Da paixão ao casamento foram apenas 2 dias e entre seus filhos estava Silvana Santoliquido, minha mãe.

2 comentários:

silvana santoliquido davini disse...

eu sou silvana santoliquido,a mãe deste futuro escritor...e como toda mãe que se preze, também visualizo um futuro promissor para o meu filho primogênito..este descendente de famílias guerreiras,onde muitos de seus membros chegaram a triunfar dando gloriosas voltas de reconhecimento nos estádios da vida;porém,não seria justo esquecer que,outros tantos,amargaram derrotas diante não só de multidões, mas diantes de si mesmo....em qualquer coliseu em algum lugar perdido neste mundo!
mas estas sõa outras histórias pra se contar.....que deixo com muita tranquilidade para serem narradas,por este brilhante filho que carrega dentro de si O SANTO LIQUIDO!!!

Anônimo disse...

Santo liquido, santo graal, cruzados, templares, santo espírito, santa cruz, santo... Vicente Santoliquido da Venosa! O resto é fiction ou sonho?

 
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