sexta-feira, 30 de maio de 2008

Nasce uma banda !




Agora eu aprendi a arte do crime, posso dizer. Hoje mesmo, vendo o meu Brô Phernando anunciar a sua mais que nova (mais que quente) banda projétil tive que fazer o mesmo. Não por qualquer inveja, somos bons músicos, mas sim por questão de velocidade.

Como as bandas brotam mais rápido que a lamacenta meleca dos pombos que surge no capô do meu carro quase que diariamente. Tive eu, pessoa que must be inside, que armar a minha.

Hoje está mais que claro que o que importa mesmo é atitude, presença e personalidade. Põe uma musiquinha chiclete e um ritmo balanceado e modernoso que é (vai ser, tá sendo) um sucesso.

Vamos a receita:

Pegue o nome do artigo no link da Wiki. Este é o nome da sua banda; vale o que vier.

Agora escolha as 3 ou 4 últimas palavras da última crítica desse link do Quotes. Você já forma o nome do álbum; simples e com poder de se fazer ecoar pela mente indie alheia.

Aí é só usar seu poder de designer tosco e suave com a terceira foto do link do Flickr. Mais um elemento na mistura abarrotada de significados e bom gosto.

Eis o Stout Scarab. Um bom nome, um bom álbum, pronto para o sucesso. Fiquem atentos ao seu myspace, ao seu last.fm. Essa banda promete e vai longe. Ou você acha que o Architecture in Helsinki ou o Dead Cab for Cutie nasceram da onde ?

Como Robinson



Voltei a blogueirisse depois de dias de solidão e árduo trabalho.

Outro dia, roubei uma coleção das mais antigas do meu pai dos livros de Julio Verne. Aquelas tiragens de livros que saiam na capa dura, ilustrações e linguagem pré-reforma da língua portuguesa. Um clássico. Um prestígio ler crases em O’s e C’s antecedendo T’s em casos diversos.

Não tardou e já estou devorando “Vinte Léguas Sub-Marinas” como o bolor avança nos livros velhos de cheiro tão atraente quanto saturado de fungos. O encanto pela obra foi inato, mas tenho que enfatizar o carisma de um personagem. O Conselho. Sim, o cara chama Conselho e é o mordomo do narrador. Se conselho fosse bom, ninguém dava de graça. Com Verne não é verdade e o Conselho é tão prestativo quanto o Alfred do Batman só que mais jovem e atento – seu amo, ao que parece, é um intelectual pouco viril e um tanto pedante.



Conselho é bom, mas não se compara com o maior dos ajudantes com nomes de verbetes. Sexta-Feira sim é um coadjuvante-substantivo campeão. Foi com Sexta-Feira que Robinson, o Crusué, sentiu o frescor da amizade em seu exílio. O antes selvagem, convertido a fiel capataz de um homem branco (invasor) da ilha deserta povoada por atrozes índios, mostra como colônia e colonizador podem se dar bem.

Sexta-Feira e Robinson deram liga a imaginação de todos. De Tom Hanks a Survivor, foi a dupla que inaugurou o cânone ilha deserta mais amizade mais muita confusão. Quem nunca sonhou com isso? Se bem que muitos pararam na delicinha da Lagoa Azul, o filme mais visto das tardes.

Essas fantasias sacudiram minha mente hoje quando eu li no BoingBoing que tem um maluco francês que vai fazer uma aventura digna de Robinson Crusué do século XXI. Sim, ele vai para uma ilha deserta no Pacifico passar uma temporada. Tudo solamente sozinho, com ferramentas primárias e, lá vem ela, uma câmera para registrar tudo! (mais um carregador de bateria integrado a um painel de captação de energia solar)

Absurdo! Infâmia! Podem dizer os mais aguerridos ao romance romântico e ao direito de culto a imagem sagrada que a prosa do DeFoe pintou na nossa mente. De fato, é apropriação sem escrúpulos de uma idéia que só era possível nos tempos sem tomada e GPS.



O nome do larápio é Xavier Rosset, francês e documentarista. Ele quer mandar tudo para o taipe para o rss e para os tubes da vida. E olha que a ilha é linda. Não me pergunte o porquê desse pequeno paraíso ser desabitado. Penso, logo, na existência de pterodátelos gigantes e moscas de um metro de altura. Coisas típicas dos Herculóides, trupe de heróis fantásticos que merecem uma versão cinematográfica – pelo menos pela sua ousadia de formatos e peripécias.



Com efeito, eu poderia ser esse Xavier. Todos nós poderíamos. Não sei como ele conseguiu financiamento e permissão para rodar tudo isso. Quem garante que ele não será perturbado durante esse tempo? Eu posso muito bem chegar lá de caiaque, como que não quer nada. Ou algum baleeiro japonês pode usa-lo como refém, em troca de umas baleinhas. Se for para ser Robinson, tem que ser naufrago. Tem que ter Sexta-Feira.

Mas também, caro amigo. Imagine se a moda pega e a peleja do homem versus a ilha da solidão vira terapia ou livro de auto-ajuda? Vejo os multimilionários do Bahrein, Emirados Árabes e companhia alugarem as ilhotas particulares de Dubai para o intento. Imagina o Richard Branson inaugurando a Virgins Empty Island, onde quem pagar mais de 20 mil dólares pode passar uns meses sozinho ou com a sua Sexta-Feira favorita. Vá lá.

Ser Robinson custa caro. Mas vai ter aquela situação em que você vai ter que confessar comigo: tem horas que todo mundo quer ser Robinson. O tempo de dar um tempo e esquecer tudo e todos. Partir para a ilha deserta, coisa tão banalizada hoje em dia, e tentar tirar leite da pedra e beber água da chuva, dormir na areia e não fazer a barba. Garanto que tem horas que a troca vale a pena.

Shot Sexta-Feira!

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Como se faz Renato




em algumas questões bem planejadas pela W/Brasil, Santoliquido fala sobre Renato assim como Edson fala do Pelé.

Para me conhecer, concluí eu após um devaneio junto aos meus botões, que não tenho outra opção a não ser falar sobre ele, meu alter ego: João Galante. Um homem de sucesso e virtudes inumeráveis, um homem que toda mãe gostaria de ter como genro, ele e o Rei Roberto. Um homem que move multidões. Um homem que ainda está para baixar no corpo que escreveu essas linhas. Um homem para se ver no futuro, mas, se a vaga é para daqui a 6 meses, falem com o Renato mesmo, ele dá para o gasto.

Ele gosta de novelas, gosta de escrever textos longos, textos que hão de ser compilados e lançados numa edição da Cosac & Naify quando ele partir, textos que ainda vão fazer a diferença. Ele planeja também. Ele joga futebol, mas escreve com maestria e não consegue falar dele mesmo na primeira pessoa – eis um sinal de sua modéstia incomparável, da sua incrível diplomacia com o interlocutor.

Um garoto de classe média, nascido e criado nos morros da Vila Madalena, acostumado a muita mistura e carros buzinando de madrugada. Para fugir um pouco de um dos epicentros da noite paulista, Renato aprendeu a apreciar a sétima arte. Não há lembranças de quando, mas ele jamais esqueceu do filme Fellini 8 e ¹/². A fita já foi vista e revista umas dezenas de vezes a ponto do nosso herói memorizar falas, músicas e entradas dos personagens. O amor louco pela obra prima se dá no contato sempre representado entre o onírico e o real, entre o fantasioso e o agonizante não só dentro do cinema, mas também no que tange á procura do insight – palavra tão em voga atualmente.

O cinema fascinou e encantou o candidato. Chegou a ir diversas vezes sozinho à sala escura, já foi capaz de assistir o mesmo filme por duas vezes seguidas. Não estranha indagar sobre a falta de sociabilidade do garoto. Mentira. Engana-se quem acha que nosso garoto é um introvertido e autista; muito pelo contrário, a amizade e o carinho de terceiros, para ele, é o lhe dá orgulho e satisfação nessa vida. A amizade e seus bons momentos são inesquecíveis. Agora se você quer saber o que excita, além disso, pode-se citar o fato de conseguir diversas coisas através do trabalho e do empenho pessoal. Ora em terras brasileiras – quando comprou seu skate com um dos primeiros salários -, ora em terras austrais – ao patrocinar suas viagens com trabalho suado dentro da cozinha -, Renato honra sua independência com responsabilidade.

Impossível, porém, não narrar a maior conquista da sua vida: fazer televisão. Na ESPM, ele teve a oportunidade e viveu, aprendeu e cresceu junto a uma equipe de igual qualificação. Momentos ímpares e eternos. Organizar, planejar, criar e encantar foi possível pela primeira vez para o garoto. Inesquecível.

Já que passamos pela Superior de Propaganda e Marketing, motivos não faltaram para que Renato desviasse (abandonasse) sua primeira opção de formação, administração, e partisse com tudo para a propaganda. Todos nós, agora maduros, podemos considerar uma idéia meio desmedida e insensata, mas alguma coisa lá dentro falou mais alto. Essa coisa não pode ser materializada e o pai de Renato quase deserdou o rapaz por isso. O garoto achava que para ser propaganda, tinha que ser genial. Fazer propaganda e, principalmente, se comunicar com públicos diferentes em ocasiões e formatos mutantes encanta aqueles que sempre se sentiram dispostos a mudar o mundo de alguma forma.

Alucinado por televisão e cultura popular, o candidato se encantou com o comercial da Revista Época, A Semana, criado por vocês aí da W/Brasil. Brilhante, o filme prende a atenção e é objetivo, sua produção ajuda com uma trilha suave e imagens bem escolhidas. Lançar uma revista semanal completa num país onde só se fala em Veja era uma tarefa difícil e, na época (sic), a Época garantiu seu espaço dentro da cabeça do consumidor.

O encanto pelo jornalismo e a informação precisa são algumas qualidades raras. Renato gosta muito desses assuntos, não por acaso, lê jornal de manhã ao lado do pai há uns 8 anos e devora livros quase que semanalmente. Uma vez lido Cem Anos de Solidão (de cabo a rabo em 3 dias de idéia fixa), lagrimas correram seu rosto. Talvez o livro mais emocionante. Contudo, em matéria de livro completo, não há outro que não Crime e Castigo, talvez Ulisses ou Em Busca do Tempo Perdido – esses dois últimos almejados e nunca lidos. Dostoievski dilacera um romance seco e profundo. Chega-se a ter calafrios por se habituar ao clima gélido de S. Peterburgo, de tão bem descrito. Impossível não se identificar com os dramas apresentados.

Livro na estante, liga-se a Tv, o computador, o iPod e perdemos o foco novamente. A velocidade e as prateleiras de cauda longa dos dias de hoje mexeram com a geração nascida nos anos 80. Música, por exemplo, corre pelos ouvidos do nosso mancebo como os motoboys do transito paulista. Garimpeiro assíduo e amante de música eletrônica, clássica, rock ‘n roll, soul e hip hop, Renato recusa o rótulo de eclético – apesar de saber de tudo um pouco, como manda a cartilha publicitária. Ritmos novos, combinações, bandas de 15 minutos de fama; surfa-se nessa onda e, para o prospect de planejamento, o melhor Cd atual é Sound of Silver, do LCD Soudsystem. A banda de New York fez um álbum irresistível em 2007, ouvir uma faixa significa escutar o cd todo. Impossível não dançar. Bom para o pessoal do rock, da new rave, do eletrônico e da pista no geral.

Estranho é falar de um Cd sem nunca possui-lo. Renato não tem o produto físico. Ver televisão é um pouco estranho, com vídeos pipocando em todos os cantos. O garoto não é fã de séries americanas – talvez somente The Office o agrade -, seu programa de Tv favorito é o Manhattan Connection, da GNT. Para entendermos a escolha é só voltarmos ao ponto onde Renato é descrito como uma pessoa atenta e atualizada. O programa de discussão passa pela cepa da política e economia mundial, sem esquecer da cultura. O horário ajuda bastante, afinal de domingo à noite a chance de estar em casa é alta. Novelas? Sim, por favor, mas no momento não há tempo para apreciar da dramaturgia brasileira do jeito que a mesma merece.

Fazer faculdade, trabalhar e preparar um trabalho anual consome muito de Renato. Nosso pobre diabo não pensa em outra coisa que não se formar, com um bom emprego, alguns méritos e muitos amigos. De qualquer forma, trabalhar é preciso, é para isso que ele se dispôs a escrever esse texto que, de lascivo e prolixo, trata-se de uma análise da marca Renato, um breve histórico com algumas firulas.

Uma hora temos que ser profissionais, irmos direto ao ponto. O que motiva o planejamento em Renato são as possibilidades de com estratégia e criatividade desenhar caminhos interessantes. O famoso insight salvador de marcas e campanhas vem do planejamento. Há sim um interesse pela criação. Há sim um interesse pela produção e execução tática. Porém, ainda em fase de aprendizado e com garra e cabeça aberta nosso herói presta mesmo para planejar.

Leviano seria ele se batesse na porta alheia sem motivos para entrar (e ficar) na casa. Renato gosta da W/ e acha o platel de clientes pra lá de delicioso para se trabalhar. Lido o livro a Toca dos Leões, o candidato gosta de frisar uma passagem onde a agência não queria “ser a maior, mas a melhor”.

Renato não pensa em ser o maior, nem o melhor. Ele quer uma oportunidade para provar que é capaz e dedicado. O programa o interessou, a vaga é ótima e ele entra para ser titular. E a história não pára por aí.


- Imagem da piscina maravilhosa de Bill Viola - nome de craque, arte do reflexo e suas possibilidades. Eeeeesse é fera.

 
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