quinta-feira, 8 de maio de 2008

Como se faz Renato




em algumas questões bem planejadas pela W/Brasil, Santoliquido fala sobre Renato assim como Edson fala do Pelé.

Para me conhecer, concluí eu após um devaneio junto aos meus botões, que não tenho outra opção a não ser falar sobre ele, meu alter ego: João Galante. Um homem de sucesso e virtudes inumeráveis, um homem que toda mãe gostaria de ter como genro, ele e o Rei Roberto. Um homem que move multidões. Um homem que ainda está para baixar no corpo que escreveu essas linhas. Um homem para se ver no futuro, mas, se a vaga é para daqui a 6 meses, falem com o Renato mesmo, ele dá para o gasto.

Ele gosta de novelas, gosta de escrever textos longos, textos que hão de ser compilados e lançados numa edição da Cosac & Naify quando ele partir, textos que ainda vão fazer a diferença. Ele planeja também. Ele joga futebol, mas escreve com maestria e não consegue falar dele mesmo na primeira pessoa – eis um sinal de sua modéstia incomparável, da sua incrível diplomacia com o interlocutor.

Um garoto de classe média, nascido e criado nos morros da Vila Madalena, acostumado a muita mistura e carros buzinando de madrugada. Para fugir um pouco de um dos epicentros da noite paulista, Renato aprendeu a apreciar a sétima arte. Não há lembranças de quando, mas ele jamais esqueceu do filme Fellini 8 e ¹/². A fita já foi vista e revista umas dezenas de vezes a ponto do nosso herói memorizar falas, músicas e entradas dos personagens. O amor louco pela obra prima se dá no contato sempre representado entre o onírico e o real, entre o fantasioso e o agonizante não só dentro do cinema, mas também no que tange á procura do insight – palavra tão em voga atualmente.

O cinema fascinou e encantou o candidato. Chegou a ir diversas vezes sozinho à sala escura, já foi capaz de assistir o mesmo filme por duas vezes seguidas. Não estranha indagar sobre a falta de sociabilidade do garoto. Mentira. Engana-se quem acha que nosso garoto é um introvertido e autista; muito pelo contrário, a amizade e o carinho de terceiros, para ele, é o lhe dá orgulho e satisfação nessa vida. A amizade e seus bons momentos são inesquecíveis. Agora se você quer saber o que excita, além disso, pode-se citar o fato de conseguir diversas coisas através do trabalho e do empenho pessoal. Ora em terras brasileiras – quando comprou seu skate com um dos primeiros salários -, ora em terras austrais – ao patrocinar suas viagens com trabalho suado dentro da cozinha -, Renato honra sua independência com responsabilidade.

Impossível, porém, não narrar a maior conquista da sua vida: fazer televisão. Na ESPM, ele teve a oportunidade e viveu, aprendeu e cresceu junto a uma equipe de igual qualificação. Momentos ímpares e eternos. Organizar, planejar, criar e encantar foi possível pela primeira vez para o garoto. Inesquecível.

Já que passamos pela Superior de Propaganda e Marketing, motivos não faltaram para que Renato desviasse (abandonasse) sua primeira opção de formação, administração, e partisse com tudo para a propaganda. Todos nós, agora maduros, podemos considerar uma idéia meio desmedida e insensata, mas alguma coisa lá dentro falou mais alto. Essa coisa não pode ser materializada e o pai de Renato quase deserdou o rapaz por isso. O garoto achava que para ser propaganda, tinha que ser genial. Fazer propaganda e, principalmente, se comunicar com públicos diferentes em ocasiões e formatos mutantes encanta aqueles que sempre se sentiram dispostos a mudar o mundo de alguma forma.

Alucinado por televisão e cultura popular, o candidato se encantou com o comercial da Revista Época, A Semana, criado por vocês aí da W/Brasil. Brilhante, o filme prende a atenção e é objetivo, sua produção ajuda com uma trilha suave e imagens bem escolhidas. Lançar uma revista semanal completa num país onde só se fala em Veja era uma tarefa difícil e, na época (sic), a Época garantiu seu espaço dentro da cabeça do consumidor.

O encanto pelo jornalismo e a informação precisa são algumas qualidades raras. Renato gosta muito desses assuntos, não por acaso, lê jornal de manhã ao lado do pai há uns 8 anos e devora livros quase que semanalmente. Uma vez lido Cem Anos de Solidão (de cabo a rabo em 3 dias de idéia fixa), lagrimas correram seu rosto. Talvez o livro mais emocionante. Contudo, em matéria de livro completo, não há outro que não Crime e Castigo, talvez Ulisses ou Em Busca do Tempo Perdido – esses dois últimos almejados e nunca lidos. Dostoievski dilacera um romance seco e profundo. Chega-se a ter calafrios por se habituar ao clima gélido de S. Peterburgo, de tão bem descrito. Impossível não se identificar com os dramas apresentados.

Livro na estante, liga-se a Tv, o computador, o iPod e perdemos o foco novamente. A velocidade e as prateleiras de cauda longa dos dias de hoje mexeram com a geração nascida nos anos 80. Música, por exemplo, corre pelos ouvidos do nosso mancebo como os motoboys do transito paulista. Garimpeiro assíduo e amante de música eletrônica, clássica, rock ‘n roll, soul e hip hop, Renato recusa o rótulo de eclético – apesar de saber de tudo um pouco, como manda a cartilha publicitária. Ritmos novos, combinações, bandas de 15 minutos de fama; surfa-se nessa onda e, para o prospect de planejamento, o melhor Cd atual é Sound of Silver, do LCD Soudsystem. A banda de New York fez um álbum irresistível em 2007, ouvir uma faixa significa escutar o cd todo. Impossível não dançar. Bom para o pessoal do rock, da new rave, do eletrônico e da pista no geral.

Estranho é falar de um Cd sem nunca possui-lo. Renato não tem o produto físico. Ver televisão é um pouco estranho, com vídeos pipocando em todos os cantos. O garoto não é fã de séries americanas – talvez somente The Office o agrade -, seu programa de Tv favorito é o Manhattan Connection, da GNT. Para entendermos a escolha é só voltarmos ao ponto onde Renato é descrito como uma pessoa atenta e atualizada. O programa de discussão passa pela cepa da política e economia mundial, sem esquecer da cultura. O horário ajuda bastante, afinal de domingo à noite a chance de estar em casa é alta. Novelas? Sim, por favor, mas no momento não há tempo para apreciar da dramaturgia brasileira do jeito que a mesma merece.

Fazer faculdade, trabalhar e preparar um trabalho anual consome muito de Renato. Nosso pobre diabo não pensa em outra coisa que não se formar, com um bom emprego, alguns méritos e muitos amigos. De qualquer forma, trabalhar é preciso, é para isso que ele se dispôs a escrever esse texto que, de lascivo e prolixo, trata-se de uma análise da marca Renato, um breve histórico com algumas firulas.

Uma hora temos que ser profissionais, irmos direto ao ponto. O que motiva o planejamento em Renato são as possibilidades de com estratégia e criatividade desenhar caminhos interessantes. O famoso insight salvador de marcas e campanhas vem do planejamento. Há sim um interesse pela criação. Há sim um interesse pela produção e execução tática. Porém, ainda em fase de aprendizado e com garra e cabeça aberta nosso herói presta mesmo para planejar.

Leviano seria ele se batesse na porta alheia sem motivos para entrar (e ficar) na casa. Renato gosta da W/ e acha o platel de clientes pra lá de delicioso para se trabalhar. Lido o livro a Toca dos Leões, o candidato gosta de frisar uma passagem onde a agência não queria “ser a maior, mas a melhor”.

Renato não pensa em ser o maior, nem o melhor. Ele quer uma oportunidade para provar que é capaz e dedicado. O programa o interessou, a vaga é ótima e ele entra para ser titular. E a história não pára por aí.


- Imagem da piscina maravilhosa de Bill Viola - nome de craque, arte do reflexo e suas possibilidades. Eeeeesse é fera.

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