quinta-feira, 18 de setembro de 2008

As imagens da besta

Há exatamente uma semana tive uma série de visões que me lembrariam um pesadelo salvo o fato de eu ter anotado tudo, o que você vai ler a seguir é um breve relato sobre a televisão e a sua (in)capacidade de agregar algo a todos nós. Eis:

"Não acredito no que estou vendo. Após uma salada Bassi me espreguicei no sofá em frente a maravilhosa.

Canal vai, canal vem, me deparei com um interessantíssimo debate a prefeitura de SP.
Nada mais popular: TV aberta, em queda – BAND -, todos candidatos presentes, péssimo fundo azul e intrepretação mexicana dos atores – pela primeira vez consegui caracterizar uma caricatura! Personagens raros, é bem verdade.



Além disso, o Boris estava muito sem poder; sem muita presença – ele não falou “É uma vergonha!” Anyway, é impossível não gostar do Boris.



Antes do míssel de propaganta – em grande parte eleitoral -, antes do último bloco. Imagino que deve ser o mais importante, quando os candidatos dão a palavra final: concluem e reforçam o slogan que resume (e compreende) o posicionamento.

Nessa hora, desisti. As propagandas estavam me batendo há uma hora e quatro intervalos. As mesmas, os mesmos. Quem estava com o Boris, no break, estava com o povo e prometia metro, saúde e vida melhor à cidade cinza.

Aí viajei até a franquia cult da rede Telecine. Farenheit 9/11 seguido por um (independente) documentário-turístico sobre os soldados que foram/vão para o Iraque.

- Até então, o debate depois da salada não avivara minha memória. Esqueci que há 7 anos duas torres grandes caíram e foi como duas bombas explodindo.

Tudo o que veio depois disso marcou a década? Sim, de preocupações econômicas à maquiagem do novo Coringa, 2001 foi o ano zero da década (do século seria muita pretensão).

O Iraque, coitado, também subiu bastante na agenda de assuntos durante esses anos. Daí para documentar os soldados, a vida deles...

( - Interessante com tudo é documentado de todos os jeitos por todas vontades (e eu duvido que nenhuma vontade me convence hoje como os amores exalados de épocas a mim anteriores.))

Óbvio que o documentário (quando eu peguei) começou broxante. Relatou-se a vida de cada multilado, o árduo trabalho para recuperação, suas famílias. Queria muito que mostrasse as tentativas desses mancebos para ingressarem nos grandes times de Murderball – toque de genialidade que faria a diferença, ou não.

Baixou-se a bola para os que não voltam e aos ingênuos (vi Tom Hanks) que não sabem direito para onde ir, ou para onde e porque vão.



Aí passou para uma abertura de papo político e eu, atordoado pelo pleito de minha cidade, decidi (após uma despretenciosa fuçada no descritivo eletrênico de cada canal) ir para o animado Multishow.

- Acho o canal da minha geração.

Juro. A MTV foi foda, mas largou a todos há uns 5 ou 6 anos. O Multishow sempre nos agradou. No começo com o Sexy Time – se você quer garantir sua audiência de 15-16 anos e não sabe como, ficadica.

Depois, veio com clipes legendados! e com séries sensuais (Bay Watch, Sex and the City – ambos, alias, exemplos vivos da mudança comportamental e de consumo após 11/9).

E hoje, o Multishow está velho, semi-homem-bunda-mole, como eu!

O Edgard ficou velho, foi pra lá. A Sarah não tinha talento, mas tinha família poderosa e carinha global, foi pra lá!




A Didi ficou antiquada, quase vintage. Foi pra lá. Essas foram umas perdas significantes para a MTV, mas não tinha como – esticaram o braço demais, se fosse para segurar, o braço caia.

Ok, Multishow, como você tem minha idade/Zeitgheist? “Porque eu tenho Stand up comedy, meu filho!”

- Mas é claro. Era o que faltava. Mas não bastava uma stand up comedy enlatada. Isso o Multi tira de letra, a Sony(eca) faz também. Ta tudo perna aberta essas importadoras aí.

O Stand up comedy não era um simples stand up comedy, urinol, azedume ou qualquer outro nome que você pregue a esse novo jeito de programa humorístico; ele é um documentário sobre stand up comediers, palermas ou vale o que você achar melhor para nomear o ofício de cada um dos homens que, de pé no palco, contam piadas e improvisam. O que importa é que os protagonistas eram muçulmanos!!



- E ainda faziam um par de piadas sobre o Islam. Caçoavam da religião, tinham SUV’s, comiam na lanchonete monstro do bairro, tinham TV’s gigantes e a cara lavada.

O personagem deles na vida real era certamente mais engraçado que qualquer piada que eles venham a acertar no palco!

E ainda tinha aquele momento família (tem coisa mais piegas que isso?) com as namoradinhas turbinadas e os papais e mamães indo para a mesquita. Péssimo. Eu pessoalmente, achei melhor garantir uma certa segurança e prestei bastante atenção no que tive testemunho.

– Quem faria um documentário desses? Quem jogaria um negócio desses na televisão? Quem compraria um documentário desses e jogaria na televisão em pleno onze de setembro?

Em pleno onze de setembro. Essa foi fantástica, pois acho que alguns espertinhos, como eu, possam vir a ter esse mesmo raciocínio que segue: a TV é ótima, uma piada. Cada canal, cada sistema, administra a pauta ou importância do dia – ok, 9/11 não é pauta sine qua mon do noticiário de hoje – mas é lindo como não tem um que se salve. E a responsabilidade de cada canal? Ainda mais os pagos, que procuram ser tão segmentados que acabam esquecendo da inteligência do espectador que tem que ver TV com um guarda-chuva na sala.

- Agora to com medo de ser um anormal? Não, só acho que a TV ta devendo, a Globosat ta muito ruim – até tiraram o Manhatan (ou deram férias) em plena corrida presidencial americana. É bem agora que o que eles falam vale a pena ser ouvido e eles me saem da grade! Pra que?

E eu adoro o Telecine. Era legal, ficou uma merda. Antes tinha o Classic e os pornôs começavam mais cedo – reprises Emanuelle, praticamente um suspiro de época de pokemon e arroz feijão no café.

Hoje não! Hoje tá mais para competir com a BlockBuster do que com os filmes HBO – ó que a HBO já é terrivelmente ruim.

Sem padrão Tele, Fail!

E ainda me lembrei que nessa nuvem de zapeadas raspei num filme do Spike Lee no Telecine (!). E ai? Ele tava no Pipoca! Cara, colocar um Spike Lee no Pipoca é apelou perdeu.



Até considero que o seu Lee fez alguns que mereciam essa framboeza, mas imediatamente meu super ego me lembra dos nossos queridos onzes de setembros.

( - Onzes de setembro é um bom nome boçal ao estilo monumento pra ficar perto da 9 de Julho.).

Spike Lee, Nova York, dublado, alternando com “The Soldiers go to Iraq, how pitty” (why don’t they discuss the war instead of it!) – que vergonha… E ainda o porno nem começou."




- Essa última foto é a que melhor representa o texto e o evento 11/9/01. Está em exposição no Espaço Paparazzo, na Pedroso de Morais juntos com um várias outras do Thomas Hoepker.

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