segunda-feira, 22 de outubro de 2007

A pior parte de mim

Modéstia e banhas a parte, tenho apenas um defeito incorrigível. Uma parte de mim é torta aos meus olhos. Feia mesmo, um desastre. Coisa mais grave é quando eu comecei a achar isso uma coisa errada – mesmo nos outros. Costumo condenar os pés de amigos e desconhecidos. Eu mal consigo conviver com o meu.

De todos os desvios de caráter, canastrice ou má formação educativa que eu possa ter, nada se compara ao fado de ter um pé tão feio, tão incorrigível. Meu pé é minha janela para o inferno. Falo isso, pois mudo com o tempo. Um dia, quem sabe, possa eu me tornar uma pessoa mais doce, verdadeira. Um dia eu hei de ser meigo, mas meu pé não! Meu pé tende a ser cada vez mais feio. É a ciência natural dessas coisas; quando você ainda engatinha, seus pés são macios, um travesseirinho; é só começar a calçar chuteiras e os pés ficam deformados, as unhas crescem anamorficamente. Tudo vai para o vinagre. Você já viu um pé de velho? É a coisa mais feia do mundo. Não tem solução, o que a idade acrescenta em virtudes e experiência, ela mazela nos pés, orelhas e nariz.

Não consigo ver beneficio amoroso nenhum naqueles que por vício, tara, paixão ou doença, tem o prazer de beijar, lamber, acariciar os pés da pessoa amada. Isso é um ato nefasto, para não dizer jocoso. É um nojo só venerar a parte mais castigada do nosso corpo. O pé passa o dia dentro de meias e/ou sapatos; ele tem como função sustentar o nosso corpo, dar equilíbrio e suportar as topadas mais imbecis. O pé é, antes de tudo, um forte.

A carapuça pedóloga, sua derme e epiderme são imperfeitas. Acho que Deus encarregou seu estagiário de projetar os pés de Adão e Eva. Em suma, o pé é um rascunho da mão, cuja adaptação aos membros inferiores teve que chapar sua palma e encolher os dedos para que estes se parecessem mais com pequenos modelos de pães – dedão é um pão de queijo, os 3 do meio são pães franceses e o dedinho é um elogio a baguete.

Ó parte absurda de mim! Como és feio, como és perpétuo! Meu pé me assusta. O pé dos outros me dá medo. Um medo que se esconde em razão de ambientes e temperatura. O pé é o sinônimo da imperfeição da estirpe humana. O pé é o começo do fim, a raiz dos males terrenos.

4 comentários:

Anônimo disse...

Eu gosto de pés.

Renata Asato disse...

hahahahahaha
eu adoro pés! principalmente os meus, pq sem eles eu não dançaria um forrozin.
nos pés há pontos equivalentes a outras partes do corpo, veja só o mapa: http://www.terra.com.br/istoe/especiais/pes/pes_mapa.htm#
pé é muito foda! rs
beijooooooo

Renata Asato disse...

opa, não foi o url inteiro.
aí vai, de novo: http://www.terra.com.br/istoe/especiais/pes/pes_mapa.htm#

Renata Asato disse...

droga! rs não foi de novo.
faltou "a.htm#"
beijo

 
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