quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O natal do menino avestruz

Eis o menino avestruz dobrando a esquina com seu passo largo e desregulado. Eis o frio do inverno da tv americana que bate e arrepia os cangotes torrados dos brasileiros; chaminés, renas e neve compõem o natal do menino avestruz, o menino que tudo come, o menino que do seu nome cavou a cabeça no chão para fugir do que não quer ver e escapar do frio da televisão.

Quem conhece o menino avestruz sabe bem das suas poucas qualidades, entre as quais destaca-se a capacidade de não voar, a de não ser belo e a de comer tudo, daí o nome de avestruz. Outro dia mesmo, vi o menino avestruz comendo um resto de cachorro quente que estava na sarjeta há uns dias, talvez semanas. Teve outra feita que presenciei o menino avestruz roubando o elastiquinho do cabelo da menina e engoliu como se fosse uma lula a dore dos capilares tão oleosos da sua vítima.

Contaram histórias fantásticas ao pequeno menino avestruz, o menino que tem no seu nome a capacidade de enterrar a cuca e cegar os problemas. Disseram que há 2.000 anos atrás uma quadrilha de ladrões que roubava drogas, armas e eletrodomésticos, com medo de ser pega no flagrante, descarregou tudo numa casinha de um homem simples que viva com sua mulher também simples. Eles tinham acabado de ganhar uma boca extra na casa, a mulher simples tinha parido um naquela noite. Noite ainda sem renas, nem neve, nem trenó, pois a televisão ainda não existia por ali. Foi numa noite como todas as noites. Uma noite em que a família simples interceptou carga roubada, mas consideraram presente; afinal, a quadrilha era do mesmo morro e todos se conheciam muito bem há 2.000 anos atrás.

Muito tocado por esta anedota, o menino avestruz, que enterrava a cabeça para não ver, mas deixava o corpo para apanhar, sempre ficava de braços para o alto enquanto dormia. Desde que ouviu o conto ele dormia meio torto. Noite após noite queria nascer de novo para receber a carga roubada, sem prestações, sem reclame, sem caixas e sem cadastro em lojas. O menino avestruz, que era um saco sem fundo, prometeu para si mesmo que, se viesse a receber tantos presentes dos reis do tráfico, não iria come-los. Iria deixar lá, só para decorar e falar que são dele agora.

Ai, o menino avestruz, que não vê o mundo, pois enterra a cabeça quando atiçado, seria feliz. Feliz porque aconteceu com ele o que só acontecia nas histórias faladas, nas histórias que mudam de boca em boca e, mesmo tentando ser iguais, chegam diferentes para os ouvidos dos meninos como o menino avestruz.

2 comentários:

Anônimo disse...

Escuta se não temque trabalhar ou limpar o computador pra mim não em o "menimo moderninho"? E que porra de texto é esse? menino avestrus! voce tm problemas?

Anônimo disse...

Poderia ser o menino umbiguinho de repolho...seria mais sua cara.

qualé o teu problema? vou cair matando.

 
BlogBlogs.Com.Br