quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Como planejei minha vida.

Nunca entrei na modinha dos blogs, mas não deu para resistir ao ver a minha amiga Mari respondendo um questionário arriscado para uma big agência. Eu também gosto de agências imponentes e fibrosas. Adoraria integrar agências inteligentes e capazes. Agências ferozes, que dominam o reino animal da publicidade (a profissão mais afeiçoada às cobras que as lebres). No caso, a agência, trata-se da J.W.T., um leopardo das savanas rasteiras, que não tem medo de búfalo nem de rinoceronte e devora uma gazela como uma criança destrói um frutili.

A sigla JWT assusta quem conhece e quem não conhece a arte da propaganda. Falei com minha mãe, que é professora: Filho! Que bom, você vai entrar numa farmacêutica, não é? Não mãe. Ah! Então é uma daquelas empresas que vendem aço e ganham bilhões por ano, compram umas as outras e exploram milhões de pobres em paises como Bangladesh. Que bom, você vai ser rico. Antes fosse mamuxa, é uma agência de publicidade, só que uma das grandes; sabe como é que é, quando a coisa é grande é melhor do que quando é pequena, pense em televisão, quarto de hotel e brinde de promoção, maior melhor. Ela teve que concordar agência grande, sorriso grande.

Com o apoio materno restou apenas eu mover meus dedos fatigados de tanto sambarem pelos teclados do meu computador aqui no escritório – e adivinhe, é uma agência! A Thompson (o T da poderosa tríade) quer saber como eu sou, dessa forma tive duas opções ou me apresento formalmente ou crio um personagem absolutamente fictício, meu seft made sucess case. Dou o start num pseudônimo de sucesso, oposto ao seu gênio terreno, um caractere que trilha para o brilhantismo e para as cadeiras dos Chairs Man – mas não para sentar no colo deles, faça-me o favor.

Para me conhecer, concluí eu após um devaneio junto aos meus botões, eles podem checar esse blog tão trabalhado. Tão fértil. Tão leitoso. Tão santo, tão líquido, tão volátil. Ele já diz muito sobre mim. Assim sobra espaço para que conheçam meu alter ego: João Galante. Um homem de sucesso e virtudes inumeráveis, um homem que toda mãe gostaria de ter como genro, ele e o Rei Roberto. Um homem que move multidões. Um homem que ainda está para baixar no corpo que escreveu essas linhas. Um homem para se ver no futuro, mas, se a vaga é para daqui a um mês, falem com o Santoliquido mesmo, ele dá para o gasto. Ele gosta de novelas, gosta de escrever textos longos, textos que hão de ser compilados e lançados numa edição da Cosac & Naify quando ele se for, textos que ainda vão fazer a diferença. Ele joga futebol também, mas escreve com maestria e não consegue falar dele mesmo na primeira pessoa – eis um sinal de sua modéstia incomparável, da sua incrível diplomacia com o interlocutor.

Mas você, que ainda corre os olhos sobre esse texto, vai se perguntar, não seria Renato um criativo perdido na vida, um errante virtual? Não seria Renato um demente para o planejamento, uma pessoa assaz irresponsável para a visão holística de problemas, um menino fanfarrão, um pequeno burguês, que nada quer com a vida e não preza pelo seu destino? Qual será a sina de Renato? O limbo, o não-destino, o ponto neutro, a estação do vazio ou o metro Vila Madalena? Onde ele vai? Onde ele quer chegar com isso?

Planejar, para Renato, ó leitor tão especulante, é trabalho antes de tudo. Seu pai marcou bem isso, disse: Filho, quando te criei, eu acordei com o pé inchado e tive que começar a planejar após essa data. Sabes quantas fraudas eu comprava de antemão nas noites em que comias banana amassada com farinha Láctea? Não papi, quantas? Primeiro foi um par, depois foram dez, após 2 meses descobri que apenas 6 eram necessárias, elaborei cronogramas, fiz planilhas a mão e colocava o despertador para 5 minutos antes do seu já tão choroso e irritante berrar borrado no meio da madrugada, 6 vezes por noite. Uau, papai, então eu devia ser bem chato. É filho, você era, você nem começou a andar e já me amolavas, porém eu planejei e tive seu irmão, este foi planejado, este Será direito, um bom. Este eu não botei para tocar violino quando completou 3, com este eu não fui ao show do Legião no aniversário de 5. Este vai ser algo na vida, já planejei, será engenheiro, não publicitário, ô profissãozinha menor.

Para meu pai, eu trabalho em um escritório de consultoria de marketing, o prêmio mais nobre para quem faz comunicação social.O pai de Renato não acredita, mas seu filho é um grande planejador. Ele já inventou peripécias diversas e engabelações quase infinitas para furtar o carro da família, já foi capaz de malabarismos mil para descolar aquela grana de final de semana. Você quer alguma justificativa escolar? Quer pleitear notas, faltas, atrasos, multas de carro? Renato consegue. Improviso, malandragem, corrupção? Claro que não! Planejamento.

Cito logo um exemplo: Renato quer morar sozinho e não sabe como, não tem dinheiro nem estadia, elabora um plano de conhecer pessoas que tenham um dos dois, ou relaciona a instabilidade mundial com a sua necessidade de dinheiro iminente para aplicar em títulos arriscadíssimos de uma companhia norueguesa de imóveis. Renato já viu tudo, ledo leitor, ele já se posicionou antes das grandes. Baseando-se no superaquecimento terrestre e nas guerras que pipocam dia a dia como espinhas em adolescente, ele sabe que, mais dia menos dia o gelo derrete e tudo ficará uns 5 graus mais quente, o inverno vai para o saco e o verão eleva-se ao quadrado. Quem mora em praias, resorts, paraísos fiscais e outros territórios de baixa altitude terão que mexer suas bundas e ir morar em outros lugares. Como a economia mundial vai naufragar com isso, Renato pensou (planejou) comprar ações de um país de estabilidade sólida como o gelo, dura como a rocha – a Noruega, um lugar com altas tendências de não perder nada com o degelo. As altas altitudes e a população litorânea em 2% farão da Noruega uma nova China nos anos próximos. Renato acertará e terá uma casa bem grande, com direito a ar condicionado turbinado e piscina com churrasqueira para as tardes de outono.

Assim, concluo esse relato. Um case de sucesso, um elogio ao brilhantismo. Você, que leu e prestou atenção em tudo, vai ver que Renato é um candidato forte. Um ser com planejamento na veia e que, mesmo entrando atrasado, vai ganhar essa corrida, que faz parte do decátlon da vida humana, onde só os fortes prevalecem e podem ter seus textos publicados pela Cosac depois de mortos. Ele chega lá.

4 comentários:

Anônimo disse...

...planejei, ajeitei, controlei e não deu outra... ATERRISEI!!! Pista ou piscina, fui bem macio e fiquei nessa... direita o esquerda, norte ou sul, ocidente ou oriente e não poderia ser diferente! Não queria nem cheirar, nem mexer, pois quem disse que a lua era pouco romantica e fria nos dias melhores, no verão do planeta que foi ou que ficou, só o sol solitário aqueceria os caminhos empoeirados infinitos.
Mas quem diria que o homem presente e futuro tudo negaria, raizes e esperanças, derrotas e vitórias... eu disse e não nego!

Mariana disse...

Psiu, não se enganem!

Ele é redator!

Anônimo disse...

...redator! A caça de palavras e letras. Sonhando poesias e historinhas infantis... palavras, tantas, sem um porque, sem sonhos inspiradores, sem esperanças! Deixem que elas flutuem sem vento e sem nuvens... deixem que elas voem livres e infelizes até pousarem em uma página branca, virgem e ansiosa! Palavras, silenciosas e invisíveis, desconhecidas e inúteis... palavras que brilham na memória do boêmio e do bebado, escravos de paixões e ilusões... Palavras, só palavras e nada mais!

Fernando Spuri disse...

Simplesmente Renato. Viril, varonil, pueril...e não fui eu que comentei os comentários que comentam a comentada situação ou a comentária idumentária do anonimamente comentado desvariu.

 
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